Epístola aos Hebreus
Porque dele se testifica: “Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 7:17).
A carta aos Hebreus é um dos livros mais cristocêntricos de toda a bíblia sagrada. Ela mostra a profundidade e grandeza da supremacia, autoridade e poder de Jesus Cristo.
A carta aos Hebreus foi escrita a judeus de nascença que haviam se convertido ao cristianismo, por isso esse nome. (Hb 1:1). O autor cita vários textos da septuaginta, antigo testamento em grego.
A data da carta é incerta, a especulação mais comum é que foi escrita no ano 65 d.C. Bem no meio da perseguição religiosa contra os cristãos por causa do incêndio de Roma;
E em um curto espaço de tempo em que os judeus ainda não estavam sendo perseguidos, porque ainda não haviam declarado guerra contra Roma. A melhor saída era voltar a ser judeu para não morrer como cristão.
E é por isso que o autor aos Hebreus repete várias vezes em sua carta, para eles não voltarem atrás, mas seguirem firmes na fé olhando para Jesus. (Hb 2:1,3. 4:1,16. 6:11,12. 10:38,39. 12:1,2).
Ao mesmo tempo que também revela o quanto Jesus é superior a lei para a qual eles queriam voltar.
Assim o objetivo da carta é claro e direto. Foi escrita para encorajar os irmãos a permanecerem firmes na fé e seguir Jesus até a morte.
A autoria da carta aos hebreus é desconhecida. Mas existem várias especulações e teses a respeito. Por exemplo;
- Alguns dizem que foi Apolo, homem que a bíblia chama de poderoso nas escrituras; (At 18:24).
- Outros dizem que foi Estevão, pelo seu discurso brilhante e muito eloquente; (At 7)
- Outros dizem que foi Barnabé, por ser muito próximo de Paulo;
- E até o Silas é apontado como possível autor;
- Muitos afirmam que foi o apóstolo Paulo;
- E muitos negam a autoria de Paulo nessa carta;
Os que remetem autoria a Paulo, é por causa da eloquência e profundidade bíblica que o autor revela na carta aos Hebreus, mostrando total domínio do antigo testamento.
Porém, Paulo era perseguido e difamado como sendo falso apóstolo, e justamente por isso se identificava muito bem nas suas cartas e o fato da carta aos Hebreus não possuir identificação do autor, é um ponto forte contra a autoria paulina.
Eu particularmente, pregador Manassés, penso que não seja de Paulo. Porque Paulo é o homem das comparações, ele faz diversas comparações com Cristo em suas demais cartas.
Fala de corpo e cabeça, de edifício e pedra principal, de monte Sinai e nova Jerusalém, de velho homem e novo homem, de morte para o mundo e vida para Deus, de homem natural e homem espiritual… Como também sempre saúda alguém na sua carta, agradece e louva, elogia e corrige.
Porém, o autor aos hebreus é um exegeta. Ele não faz comparações, ele pega os textos do antigo testamento e os interpreta exegeticamente ligando vários textos, mostrando como esses textos apontam para Cristo.
Enquanto Paulo é um pregador expositivo que costuma usar uma passagem só ou um assunto só, argumentando pela lógica, sem citações volumosas do antigo testamento como vemos na primeira carta aos coríntios. (1Co 10. 13. 15).
O autor aos Hebreus é alguém que usa e abusa dos salmos e faz ligações com várias passagens espalhadas pelo antigo testamento para provar o seu ponto.
O autor de Hebreus é um rabino judeu, porque usa muito a principal forma de argumentação judaica da época, que é falar de prioridades, menor e maior, coisa que Jesus fazia (Mt 6:25. 10:37).
E assim na sua carta, nosso apóstolo anônimo mostra que:
- Jesus é maior que os anjos; (Hb 1 e 2)
- Jesus é maior que Moisés; (Hb 3)
- Jesus é maior que Josué e o sábado; (Hb 4)
- Jesus é maior que o ministério sacerdotal (Hb 5)
- Jesus é maior que os sacerdotes da lei (Hb 7)
- Jesus é maior que a lei (Hb 8)
- O sacrifício de Jesus é maior que todos os outros (Hb 9 e 10)
No capítulo 1, ele fala da revelação de Deus que convergiu em Cristo, sendo que agora, já não mais precisamos de anjos e profetas para nos comunicar novidades. Porque nenhuma novidade haverá mais, porque agora temos Cristo, que é alfa e ômega.
E aqui o autor já começa o show de citações bíblicas, mostrando pelos Salmos como Cristo é superior aos anjos.
No capítulo 2, ele conclui que por esta razão não podemos voltar atrás, pois o judaísmo destaca os anjos que apareceram a vários homens de Deus, porém se temos já um superior a todos os anjos, como voltaremos a eles?
Nas palavras do autor: Como escaparemos se ignorarmos tão grande salvação? (Hb 2:3).
Então ele continua mostrando Jesus superior aos anjos, coroado de glória e sendo exaltado acima de tudo e todos.
No capítulo 3, é a vez de Moisés se curvar diante do Messias. O autor não tira o mérito de Moisés lembrando que ele foi fiel em toda a casa de Deus. (Hb 3:2. Nm 12:7). Porém Cristo é aquele que estabeleceu a casa (Hb 3:4).
Moisés é fiel a toda casa de Deus, como servo. Jesus é o motivo de a casa existir e é fiel a toda a casa de Deus como filho.
No capítulo 4, vemos Josué e o sábado se curvando diante do Cristo. Pois enquanto o repouso de Josué foi temporário e já acabou, o repouso de Cristo é eterno. E a função do sábado é lembrar isso, o repouso que ainda resta para o povo de Deus.
É importante lembrar que a palavra “repouso” e “descanso” no original se refere ao dia de sábado. Porque para o judeu, sábado é descanso e repouso é sábado. Ou melhor dizendo, Shabat.
O autor esta explicando que nós os que cremos em Deus, entramos no sábado. (Hb 4:3). Em seguida mostra o motivo de Deus dizer: Jurei na minha ira, não entrarão no meu sábado!
E assim, a porta do sábado foi fechada, espiritualmente falando, a porta do céu, porque o povo não conseguiu guardar a lei como deveria. Mas Jesus quando veio, abriu essa porta para nós. Por isso diz:
de novo, determina certo dia, “hoje”, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes tinha sido declarado: “Hoje, se ouvirem a sua voz, não endureçam o coração.” (Hebreus 4:7).
Isto é, nós ouvimos a sua voz! Porque Deus nestes últimos dias nos falou pelo filho. (Hb 1:1). Por isso, não endureçam o coração, para que possam entrar no sábado eterno de Deus. Aleluia.
No capítulo 5, agora o autor aos Hebreus mostra como Jesus Cristo é superior ao ministério sacerdotal da antiga aliança. Ele começa mostrando que Cristo não se fez sacerdote, mas como Arão também Cristo, foi chamado por Deus para ser sacerdote. (Hb 5:4-7).
E como é difícil para o judeu entender isso, de que os seus sacerdotes foram descontinuados e despedidos por Cristo; Agora nem Anás nem Caifás é alguma coisa, mas somente Cristo.
E por causa dessa dificuldade em entender a mudança, é que o autor os exorta sobre seu progresso atrasado na fé. (Hb 5:11-14).
No capítulo 6, agora ele faz um discurso exortando-os a progredir na fé, avisando que o risco de não aprender mais da palavra e se aprofundar é a apostasia, ou seja, quem não cresce na graça e no conhecimento tem grandes chances de desviar. (Hb 6:1-12).
Isto porque a perseguição te força a buscar mais a Deus, e se você tomar a decisão de voltar atrás, acabará tendo Deus como culpado pela sua perseguição e este é o começo da apostasia.
No capítulo 7, temos agora a incrível exegese que revela como Jesus é sumo sacerdote de uma ordem sacerdotal superior á ordem levítica. E revela que o sacerdócio levítico teve fim, mas o de Cristo permanece para sempre.
No capítulo 8, vemos como Jesus é superior também a lei. E o seu argumento é simples mas fortíssimo. Que é:
Jesus é sumo sacerdote no céu, onde esta a arca verdadeira, no tabernáculo de Deus, não dos homens. (Hb 8:1,2). Ou seja, o tabernáculo terreno junto a antiga aliança é só uma figura do verdadeiro que esta nos céus. (Hb 8:5).
No capítulo 9, vemos como a oferta de Cristo, seu sacrifício é superior e eterno, muito além dos sacrifícios terrenos que são passageiros.
Pois no céu, tudo é eterno, pois lá não existe tempo, e assim o sangue que Jesus derramou no propiciatório do tabernáculo celestial esta ativo para sempre. Por isso não precisa repetir o sacrifício.
No capítulo 10, o autor destaca o privilégio que temos todos nós, de entrarmos no santo dos santos, coisa que na lei é só o sumo sacerdote, mas o sacrifício de Jesus é tão perfeito, que santifica todos nós ao máximo, tornando-nos aptos a entrar no santíssimo lugar.
Ele também alerta sobre o perigo de retroceder, isto é, voltar ao judaísmo, e começa a falar da importância da fé para avançar e vencer com Jesus, dando uma introdução para mostrar o exemplo dos heróis no próximo capítulo.
O capítulo 11 é conhecido como galeria dos heróis da fé. Ele dá uma definição de fé, que é a conclusão do capítulo 10 e depois mostra a fé na prática, através da vida de homens e mulheres de Deus do passado.
No capítulo 12, o autor nos desafia a correr, igual os heróis da fé, a carreira que nos esta proposta (Hb 12:1); e dá a dica: A corrida da fé que nos faz avançar e vencer é olhando para Jesus!
E agora depois de muita interpretação e exegese, o autor fala mais e melhor das perseguições e os anima, consola e encoraja a enfrentar as perseguições e não esmorecer.
No capítulo 13, temos listas de mandamentos. Ele fala dos deveres sociais, os espirituais e faz recomendações pessoais onde Timóteo é mencionado (Hb 13:23) o que faz muitos pensarem que Paulo é o autor.
Mas a citação de Timóteo revela que o autor aos hebreus espera viajar com Timóteo, como quem vai aproveitar carona dele para ir até a igreja e ver os irmãos. E isto é diferente de Paulo que costuma enviar Timóteo até as igrejas.
Não tem como ler essa carta e não se apaixonar mais e mais pelo Senhor Jesus. Que o seu coração seja cheio de graça e amor para com Deus e o seu Cristo!